13 junho 2013

Má Nota Prémio, Boa Nota Castigo


O resultado é importante, mas é consequência de um processo que lhe dá origem. É o processo que deverá merecer mais atenção e ser mais valorizado.

Gostamos de olhar para números, métricas, estatísticas e comparações. Os pais não são exceção e os balanços periódicos que fazem dos filhos enquanto estudantes, geralmente, são realizados com folhas de resultados à frente, que alimentam o discurso e a discussão.  “Quando saírem as notas é que eu quero ver…!” ou “se tiveres boas notas compro-te…!” são frases comuns de ouvir nas bocas de pais e mães. Com este tipo de discursos, deixamos claro o que estamos a valorizar: resultados! Quando seria bem mais pedagógico para os miúdos considerações do tipo “valorizo o teu esforço, acredito em ti e na tua dedicação” ou “se o teu empenho for adequado …”, valorizando processos.

São os processos que dão origem aos resultados. Com frequência, alguns resultados satisfatórios camuflam uma falta de organização e estratégia de trabalho. Olhando para resultados, teremos boas notas com prémios e más notas com castigos. Prefiro valorizar processos e atuar no bom processo e na má nota com prémio, e na boa nota sem processo com castigo.

Os bons resultados com processos deficitários são frequentes no 1º ciclo. Os miúdos conseguem excelentes notas sem grande trabalho associado. No 2º ciclo as coisas começam a complicar  e, com a mesma atitude, as notas descem e no 3º ciclo os alunos que até aqui eram bons, geralmente vacilam e os resultados caem de forma vincada. São pré-adolescentes que começam por perder motivação pela escola, desculpabilizam-se de responsabilidades e tornam-se mais conflituosos.

Se pretendemos crianças esforçadas, trabalhadoras, organizadas, autorreguladas, conscientes, responsáveis e cumpridoras, a escola é um excelente meio para promovermos este tipo de perfil de competência, não só no estudo mas na pessoa em que o estudante se tornará.

Texto de Renato Paiva in  Pais & Filhos

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